Olá amigo Roberto.
Venho relatar ao amigo a experiência de correr uma ultramaratona (participei da Ultra Runner 24 Horas). Nunca tinha passado pela minha cabeça correr uma prova desse tipo mas vou relatar a minha experiência.
A corrida muda a vida de muita gente. Alguns começam no esporte como uma evolução da caminhada ou para melhorar a qualidade de vida. Há ainda quem seja atraído pela superação de limites, pelos desafios. Geralmente iniciam com alguns metros, passam para um quilômetro, depois dois, cinco, dez… O progresso na distância e a mistura desses objetivos são naturais e logo fazem de você um corredor.
No caso de longas distâncias o preparo é fundamental, porém o psicológico é tão importante quanto! Quem nunca ouviu falar da síndrome pós 30 km? De fato até hoje, ao ultrapassar essa quilometragem, sinto algo diferente e a partir daí tento buscar algo ou pensar em algo e esquecer um pouco o relógio, a quilometragem, enfim, apenas correr e cruzar a linha de chegada.
Voltando um pouco sobre a minha experiência do dia 7 de março, antes de tudo, fiz todos os exames necessários para verificar minha saúde. Fiz diversos exames cardiológicos para ver se estava tudo de acordo para realizar a ultra.
Na competição havia as categorias: 6, 12 e 24 hrs, como não tinha experiência nenhuma, encarei o trecho de 6 horas, começando às 22:00hrs do dia 7 e terminando as 04:00hrs da manhã do dia 8.
Cheguei ao local da prova às 10 da manhã, pois levei um amigo para fazer às 24 horas, ele fez muito bem a parte dele realizando quase 170 km ficando em 5° lugar! Deu um frio na barriga quando eu cheguei, mas resolvi descansar no apartamento na Praia Grande e me alimentar bem até às 20 horas. Pude acompanhar mais um pouco meu amigo correndo, dar um incentivo e, às 22 horas, entrei no local para competir durante 6 horas.
Comecei a correr sem pretensão nenhuma, apenas queria completar as 6 horas correndo num pace de 6 min/km, esse era o objetivo. Na hora que comecei a correr, percebi que meu corpo estava descansado e olhei para o relógio (estava a 4’45″/km). Pensei em segurar um pouco, mas estava bem e resolvi arriscar e tentar fazer uma maratona forte para depois andar o restante da prova. As minhas paradas na corrida foram coisas rápidas, apenas ir no banheiro, comer algo, tomar BCAA e Advil.
A organização da prova é impecável! Alimento, gatorade, sal, frutas, macarrão, batata e etc. nas 24 hrs de competição e, de 2 em 2 horas, saía a listagem com a classificação. Na primeira listagem um amigo avisou que eu estava em 14°, porém estávamos todos embolados (eu a 2 km do 8°), ouvi aquilo e nem dei bola, fui lá apenas para ver como é esse esquema de ultramaratona e continuei a corrida. Quando saiu a segunda listagem, eu estava em 7° lugar (sendo que já tinha completado a maratona) e continuei num ritmo menor, num pace de 5’10”/km.
Cheguei a descansar por uns 8 minutos. Troquei de camiseta, pois a que eu estava usando estava num estado daqueles! Coloquei outra camisa e Nos últimos 50 minutos finais eu me senti bem que corri mais 10 km num pace de 5 min/km finalizando a prova com 63,8 km percorridos conquistando o quinto lugar!
Confesso a você que não esperava essa colocação por estar competindo com alguns ultramaratonistas experientes, que já tinham feito a BR135, Bertioga Maresias e a famosa Comrades Marathon (a ultra mais famosa do mundo!), admirada por muitos corredores inclusive por mim! Depois que eu fizer o Iron Man em 2016, tenho este grande projeto de realizar a Comrades em 2017.
Curiosidades: Duas senhoras de 65 anos competiram na categoria 24 horas, perfazendo um total de 130, 135 km, impressionante e uma menina de 16 anos já fez a BR 135 (135 milhas = 217 km) e também correu 24 horas por aprocidamente 150 km, abaixo segue o link para pesquisa de 2 ultramaratonas.
Roberto, um grande abraço e obrigado pelo espaço.
Nonato o espaço estará sempre aberto, parabéns pelo feito. Costumo falar que no nosso esporte não existe milagre e sim trabalho duro, dedicação e determinação e isso você tem de sobra.
Valeu
